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  • Foto do escritorEduardo Nishitani

O som do silêncio

Atualmente fala-se muito sobre humanização hospitalar, experiência do usuário, conforto ambiental, neuroarquitetura, design baseado em evidências, enfim, muitas e muitas vertentes de estudo que abordam o ser humano e sua interação com o espaço construído, seja ela apenas funcional, interferindo no modo como a pessoa utiliza o ambiente percebendo-o funcional ou não, como também, atuando de forma fisiológica, contribuindo ou atrapalhando diretamente no processo de saúde do seu usuário.

“Nossa, isso significa que um espaço pode deixar uma pessoa doente?”

Isso mesmo. De forma direta ou indireta, pode sim. Vamos exemplificar:

Imagine um ambiente pobre de ventilação e iluminação, que retém umidade…. a consequência direta disso é o mofo ou bolor... Aquela mancha escura na parede pode parecer inofensiva, porém, os esporos do mofo podem agravar doenças respiratórias que estão entre o hall dos maiores números de internações hospitalares do Brasil. Além disso, situações como a que estamos vivendo devido á COVID – 19 exacerbam o reconhecimento da importância de um ambiente devidamente iluminado e ventilado.

Fonte: https://freerangestock.com/search/all/silence-peace

Porém, este é apenas um dos aspectos a ser considerado em um projeto. A luz natural e a temperatura de cor é outro aspecto que falamos anteriormente e voltaremos a falar sobre no futuro. Porém, hoje queremos falar sobre algo invisível no ambiente hospitalar, mas que, contraditoriamente, é um dos maiores motivos de stress neste espaço tão complexo. O som.

Fonte: http://www.psiulandia.com.br/silencio-hospital/

Imagine você um recém-nascido sob os cuidados intensivos de tratamento em uma incubadora. Acidentalmente alguém derruba algo sobre a cúpula de acrílico que protege o bebê ou algum visitante, desconhecendo a fragilidade do momento tamborila os dedos sobre a mesma. Aquele microambiente que condiciona as condições ambientais mais adequadas ao bebê se torna danoso pois sofre uma intensa pressão sonora do seu espaço considerando o comportamento do som enclausurado que reverbera em seu interior. Um detalhe aparentemente insignificante, porém, que faz toda a diferença no processo de tratamento do paciente.

Fonte: https://soumamae.com.br/incubadora-o-que-e-e-como-funciona/

Segundo a normativa 10151/1987, o nível de ruído sonoro recomendado para Enfermarias, Berçários, Centro Cirúrgicos e afins varia entre 35 dB a 45dB, já a EPA-USA estabelece 45dB, isso equivale ao nível de ruído de uma biblioteca ou de uma conversa silenciosa. Porém a realidade encontrada é muito diferente da recomendada. Segundo o artigo “Eficácia de um programa para redução de ruído em unidade de terapia intensiva neonatal” a autora verificou uma variação de 43,3 dB a 114,9dB em uma UTI Neonatal, uma variação entre 60 a 65dB em outra unidade e outros estudos apontavam variações de 50 a 88 dB.

Ou seja, uma realidade estrondosamente diferente da desejada. Sabe-se que o nível de ruído gerado em uma UTI pelos equipamentos, pela conversação, ou pelas atitudes supracitadas, pode causar perda auditiva no bebê, causar distúrbios do sono, fadiga, perda de peso, além de causar danos cerebrais irreversíveis ao neonato devido á imaturidade de seu corpo, ou até mesmo retardar a recuperação de quaisquer pacientes podendo acarretar em alteração da frequência cardíaca do paciente além de outros problemas como distúrbios do sono entre outros.

O comparativo abaixo demonstra o nível de ruído semelhante percebido e comparado que nos permite comparar, para o bebê, por exemplo, que o ruído produzido do bater com os dedos na cúpula da incubadora se compara ao som de um engarrafamento de trânsito.

Fonte: http://www.amib.com.br/rbti/download/artigo_2011105163651.pdf

Vale registrar também que não somente nosso universo fisiológico é afetado pelo som. Mas também o horizonte do psicológico, comportamental e cognitivo são diretamente alterados. Sabe-se que exposição contínua acima de 55 dB já colaboram para o aumento no nível de irritação, do stress, do estímulo sensorial que se mantém estimulado continuamente que mantém a pressão arterial elevada além de reduzir drasticamente o proveito cognitivo, a atenção e a concentração das pessoas.

Estudos apontam que alguns itens como a educação sonora pode colaborar em aproximadamente 38% do ruído. Porém, soluções espaciais na arquitetura podem e devem contribuir diretamente para este fim.

Soluções de condicionamento, tratamento e absorção acústicas farão toda a diferença. A escolha dos revestimentos, por exemplo, evitando superfícies duras e optando por pisos vinílicos, evitam a reverberação.

Fonte: http://www.acerevestimentos.com.br/produtos/pisos-vinilicos-em-mantas/ace-taralay-premium

O isolamento espacial entre leitos, entre espaços de serviço e assistência de saúde e circulações, colabora para o silêncio bem como o isolamento das esquadrias externas evitando a entrada do ruído externo ao hospital.

O uso de pisos flutuantes pode evitar que o ruído extravase entre diferentes pavimentos, isolamentos como a colocação de pés nos mobiliários ou o uso de feltros também colabora para o silêncio. Projetar o forro conforme o uso de seu espaço sem esquecer do espaço do entreforro. Além disso, podem ser utilizadas tecnologias como as talklights que são artifícios luminosos que se acendem quando um determinado nível de ruído é atingido.

Estas são apenas algumas das soluções que podem ser adotadas para trazer ao hospital, uma arquitetura voltada para o invisível trazendo mais conforto, colaborando para o processo de cura, e reduzindo o nível de stress dos usuários.

Quer saber mais, entre em contato e teremos o prazer de ajudar como pudermos.

Obrigado pela leitura!

 

Fonte:

http://pneumoblog.org.br/?p=2444 acessado dia 28/03/2021


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