5 TED TALKS imperdíveis sobre arquitetura
- Eduardo Nishitani
- 22 de fev. de 2021
- 7 min de leitura
Atualizado: 21 de jan.
Nós da Envereda Arquitetura amamos uma boa história. Se esta história vem carregada de boas ideias, filosofias e aprendizados para melhorar por completo uma sociedade, BINGO! Ficamos encantados. E achamos que nada mais justo que dividirmos esse conhecimento com vocês. Claro, não são apenas estas as palestras que amamos. Existem diversas. Porém hoje, falaremos apenas sobre as 5 TED TALKS Imperdíveis sobre arquitetura.
Vamos começar pelo começo.
Você conhece a organização sem fins lucrativos TED?
TED - Ideas Worth Spreading (nomeado a partir de Technology, Entertainment, Design (Tecnologia, Entretenimento e Design). Nasceu a partir das ideias de seu fundador, o arquiteto Richard Saul Wurman em 1984. Hoje a plataforma que se iniciou perdendo dinheiro falando sobre um demo do antigos discos compactos, e dos e-books, dentre outros assuntos, hoje tem abrangência mundial cativando milhões de pessoas com seu formato informal de palestras com aprox. 18 minutos, focando no que é essencial de cada tópico abordado. Atualmente a plataforma abraça quase todos os assuntos com conferências em mais de 100 idiomas e mudou o sistema de comunicação para as massas solidificando a cultura do Storytelling.
Caso você ainda não tenha percebido, somos fãs da plataforma. Se você ainda não a conhece. Vale a pena conferir.

Como em todos os tópicos abordados, as conferências relacionadas a arquitetura não poderiam ser diferentes. São absolutamente humanas e inovadoras, cada uma a sua maneira.
Confira a seguir as nossas escolhas:
1 – Como Construir com terra .... e a comunidade – Diébédo Francis Kéré
“...a arquitetura pode ser inspiradora para comunidades moldarem seu próprio futuro...”.
Nesta palestra estimulante, o arquiteto Diébédo Francis Kéré nos mostra como a arquitetura pode modificar completamente a percepção das pessoas sobre si mesmas, e sobre sua contribuição para a coletividade.
Com uma história comovente de luta e aprendizado, o profissional abraçou sua oportunidade de estudar fora e trazer para suas origens todo seu conhecimento. Ao utilizar uma técnica tradicional de argila e transportá-la para a contemporaneidade, transformando um elemento vernacular em algo cheio de valores atuais, apenas modificando o modo como utilizou o mesmo material. Argila como concreto injetado, argila em abóbodas, vasos de argila como iluminação zenital e assim por diante.
De maneira cativante este profissional nos mostra que, nem sempre, a construção mais valiosa para sua comunidade é a construção mais cara.
2 – Há uma forma melhor de morrer, e a arquitetura pode ajudar – Alison Killing
“...eu questiono se há um jeito certo de agir perante a morte, e se não há, peço a vocês que pensem sobre o que acham que é uma boa morte e o que vocês acham que a arquitetura associada a uma boa morte deveria ser...”
Em sua fala instigante, a arquiteta Alison Killing nos coloca a pensar sobre a morte e sobre o modo como a arquitetura pode contribuir com este evento, tão presente em nossa existência, porém tão tabu que falar sobre isso é algo estigmatizado.
Ela mostra que em uma mostra artística, que as pessoas mudavam seu modo de agir quando se lembravam que a exposição era sobre a morte. Questiona e critica a arquitetura hospitalar como conhecemos e nos coloca a refletir sobre o tempo que passamos ou passaremos dentro dos hospitais com o aumento das doenças crônicas de coração ou de câncer, por exemplo. Nos expões que, as vezes é possível, ou correto que um hospital seja belo?
Esta palestra é essencial já que, a arquitetura abriga todas as atividades que o ser humano desempenha desde que a espécie humana começou a adaptar o meio ambiente e não apenas se adaptar á ele. Inclusive as atividades marginalizadas como os cemitérios, necrotérios, prisões, hospitais etc.
3 – Minha filosofia de arquitetura? Traga a comunidade para o processo – Alejandro Aravena
“...O poder da síntese do design é tentar utilizar mais eficientemente do recurso mais escasso nas cidades, que não é o dinheiro, mas a coordenação...”
O ganhador do Prêmio Pritzker de arquitetura nos mostrou de forma alarmante que é possível que no futuro, possamos ter um agravamento considerável no problema habitacional já existente em nossa sociedade.
Com o design, ele mostra que foi possível com o estudo de um dos seus trabalhos, que uma residência altamente adensada, poderia ser construída de forma que cada família pudesse expandir sua residência de acordo com suas necessidades futuras, da forma como fosse possível.
Ele também questiona o modo como os edifícios atuais podem ser redesenhados de forma que a radiação solar não seja danosa, e que os edifícios sejam munidos de “praças públicas” para o uso dos usuários.
Além disso, ele nos traz problemas atuais urbanos que todas as cidades contemporâneas vivem. Problemas como inundações por causa da chuva e aumento do volume dos rios. Dessa forma eles pensaram que para uma necessidade geográfica eles precisariam de uma resposta geográfica que dissipasse pelo atrito a força da natureza
A fala deste brilhante profissional nos mostra que a arquitetura vai muito além do belo e poético. Ele nos mostra que a arquitetura pode sim ser uma ferramenta para garantir a sustentabilidade de vida e garantir dignidade para o contexto urbano caótico ao qual muitos de nós estamos inseridos.
4 – Como os espaços públicos fazem a cidade funcionar – Amanda Burden
“... acredito que uma cidade de sucesso é como uma festa incrível. As pessoas ficam nela porque estão se divertindo...”
Quando foi a última vez que você se sentou em uma praça ou aproveitou os benefícios de um parque perto de onde trabalha ou mora? O brasileiro possui uma percepção muito particular dos espaços público, muitos acham perigoso ou inseguro. E de fato o são. Porém, a arquiteta Amanda Burden questiona o porquê alguns espaços funcionam melhor que outros, e o por que nos sentimos seguros em alguns e em outros não.
Ela comenta que no espaço em que ela começou seus estudos, o que atraía as pessoas para este espaço eram as pessoas. O espaço era planejado para as pessoas, então elas não se sentiam intrusas, como nas praças modernas atuais que são projetadas com os enormes vazios e uma escultura ou algum outro elemento, sem verde algum para regar ou dar mais trabalho.
Espaços públicos ocupados não acontecem por acidente, segundo a palestrante, são oportunidades para o investimento do bem comum da cidade. Então ela expõe um trabalho feito de forma que se construísse um pequeno parque como experiência, para o plano integral de 2 km de extensão que valorizasse a vista para a água. Expõe também o direcionamento e o crescimento urbano de mais de um milhão de habitantes de Nova Iorque do planejamento da prefeitura que tomou como diretriz a participação da comunidade. Dessa forma surgiram as iniciativas como a do High Line que estabelece as praças em uma ferrovia elevada abandonada, uma das iniciativas de espaços públicos mais famosas da atualidade.
Como lidamos com os espaços públicos hoje em nossa sociedade? Acreditamos piamente que não podemos usufruir das praças e que são espaços para aglomeração de atividades ilícitas? Ou acreditamos que podemos trazer benefícios coletivos em nossas vidas cada vez mais enclausuradas da sociedade contemporânea. A fala desta arquiteta nos mostra que a mudança cultural começa com a crença de que algo é possível, e que devemos lutar por essas transformações na sociedade em que vivemos. Mesmo que muitos lutem para mantê-la como está.
5 – Arquitetura construída para curar – Michael Murphy
“Edifícios não são simplesmente esculturas expressivas. Eles tornam visíveis nossas aspirações pessoais e coletivas como sociedade. Uma grande arquitetura pode nos dar esperança. Uma grande arquitetura pode curar.”
Para finalizar, apresentamos a conferência do arquiteto Michael Murphy, que começa mostrando como a distração, o foco e o propósito de reformar uma casa antiga com seu pai fez com que ele encontrasse forças para lutar contra uma doença diagnosticada como terminal. Ele percebeu que seu pai havia encontrado sua catarse, uma força para lutar. Isso o inspirou durante seu curso de arquitetura e o levou para a África do sul onde contribuíram para a construção de um hospital completamente diferente, que não apenas moveu toda uma comunidade que hoje se encontra plenamente engajada com o edifício, como também deu uso para entulhos acumulados á beira da estrada para significar a edificação. Ele inverteu as circulações e trouxe uma perspectiva diferente para o custo de operação do edifício.
Citou como outro exemplo o centro de Cólera Gheskio no Haiti que revisita a questão do lixo hospitalar, ou então no Malawi onde eles desenvolvem um edifício que oferece abrigo às mães que ajudou a reduzir drasticamente a mortalidade materno-infantil.
Porem ele encerra discorrendo sobre um memorial projetado que tem como objetivo conduzir á um processo de recuperação sobre a injustiça racial dos Estados Unidos. Onde, como ele disse, uma não começa a se curar e dizer o indizível após mais de um século de silencio.
Qual o significado dos edifícios que fazemos em nossa sociedade? São expressões vaidosas de nosso ego? Ou são construídos de forma que tragam em seu espírito o objetivo de curar e tornar a nossa sociedade melhor?
Brinde – A stealthy reimagining of urban public spaces (A "reimaginação" furtiva dos espaços públicos Urbanos) - Elisabeth Diller
Pensamos em não adicionar esta palestra, pois ela é bem mais recente e ainda sem a tradução para o português. Mas não resistimos pois é ótima! Com toda a certeza falaremos mais sobre ela no futuro. Porém, caso você tenha o privilégio de compreender o inglês, vale a penas assistir.
“...As populations expand and city growth is inevitable, it's important for those of us who build to relentlessly advocate for a democratic public realm so that dwindling urban space is not forfeited to the highest bidder.... – ...À medida que a população se expande e o crescimento urbano é inevitável, é importante para aqueles que que a constroem que defendam implacavelmente por um espaço de domínio público democrático, para que o mesmo, cada vez mais escasso, seja confiscado pelo lance mais alto...”
A arquiteta Elizabeth Diller cita o High Line da conferência citada anteriormente, e o modo como esta iniciativa tem inspirado outras semelhantes no mundo e como isso tem sido positivo no mundo.
Porém o ponto alto de sua palestra ainda estava por vir. Ela e seu grupo haviam sido selecionados para desenvolver um espaço carregado de conteúdo politicamente sensível devido ao regime repressivo do país. Sendo assim, eles decidiram por focar nos desejos já instalados nacionalmente de tornar a cidade de Moscou como um foco de vanguarda. Este espaço então, seria um espaço para expressão cívica, um “desvio” de foco das expressões de poder das paradas militares.
Ela mostra uma performance chamada “A Ópera de uma milha” que colocou cantores de ópera cantando sob o parque da High Line que mostrou os valores compartilhados pelos nova iorquinos, suprimidos por muito tempo. E termina sua fala discorrendo sobre a iniciativa chamada “The Shed” (A Cabana ou O Barracão) que é uma estrutura móvel para abrigar instalações externas de espaços culturais.
A fala da arquiteta é essencial pois ela aprofunda o que antes foi discutido sobre a importância dos espaços públicos para o modo como os utilizamos também.
Amamos estas conferências. E você? Gostou das nossas escolhas? Acha que deveríamos ter citado outras? Não concorda com nossas escolhas? Deixe-nos saber o que pensa. Inscreva-se em nosso blogo e diga-nos o que pensa. Obrigado pela leitura.
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